Seus sapatos não eram de salto, e sim um tênis velho, sujo de lama. Sua roupa era uma jaqueta lustrosa e uma calça justa. Não tinha um sorriso no rosto, e ao invés disso, um batom roxo. No seu cabelo havia uma fita de cetim que cobria a testa dando uma volta em sua cabeça.
Sentou-se ao meu lado e não disse nada, apenas soltou um largo suspiro. Olhei-a nos olhos, e perguntei se estava brava ou entediada. Não estava. Passei as mãos em seus cabelos e senti o cheiro que saia de lá. Coloquei a mão em sua perna e levemente encostei o meu rosto perto do seu. Senti uma hesitação que logo sumiu, dando lugar à um desejo. Seu desejo de estar comigo, desejo de não ter mais nada no que pensar. Havia apenas um desejo em sua respiração, que agora estava mais forte perto do meu rosto.
Cedi à essa vontade que compromia-lhe a alma, que apertava-lhe o estômago, que a faria gritar e se contorcer em poucos segundos. Atei suas mãos juntas com uma fita de cetim vermelha em cima da cama.
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