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quarta-feira, abril 24, 2013

Mataste a ti mesmo, moribundo

Sentado em uma cadeira, paredes brancas e o cheiro típico de remédios pairava o ar. Em uma cadeira sentava uma doce menina de cabelos loiros e olhos brancos, apalpando as pernas de seu pai para poder senti-lo, respirando o mesmo ar e ouvindo os mesmos sons. Ao lado da mesa, uma jovem mulher, com aparência limpa e poucas rugas no rosto, uma saia colorida contrastando com o ar de preocupação que solta a cada baforada. Sentado no meio, nu de pensamentos, está um homem que tem o cabelo escuro e as narinas grandes, somente consegue respirar com seu corpo entubado à uma escrivaninha.
A sua respiração está mais fraca, cada vez pior.
Entra um médico no quarto e seus sapatos gincham, faz alguns exames, abre-lhe os olhos, examina procura coloca uma luz lá dentro, sem reação: "É inoperável, vai morrer assim coitada."
Levanta a mulher triste com a pobre criança, decide sair sem agradecer. Atrás o homem levanta, ainda nu, e arrasta seus livros com ele.
Sua mulher dizia que esses livros todos foram pior do que se ele houvesse morrido.
Ele dizia, quando dizia alguma coisa, que sentia como se tivessem lhe levado a alma do coração.

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