Deitado na rede, sem cinto na calça e segurando uma cerveja, ele sentia o calor do rio de janeiro.Uma rede azul, pendurada do lado de fora de casa, estendida no quintal para poder pegar sombra e sol ao mesmo tempo. O bafo quente fazia o chão de asfalto da rua tremer, e as folhas de uma árvore próxima batiam fazendo com que o vento que soprava forte ganhasse uma voz. O cachorro deitado na horta, com a lingua de fora e perseguindo uma mosca com os olhos.
Era Rio de Janeiro mas dentro dele corria Minas Gerais, calmo como uma rua deserta de estrada de barro, ouvindo cavalos à galope correndo de lá pra cá. Minas Gerais de sonhos de ouro e decoração clássica, afinal a sua casa não era apenas uma outra casa velha qualquer. Balançando na rede, esticava um pé e deixava soltar devagar, escorregava, e o seu corpo balançava. A cerveja suando em sua mão, bebendo aos poucos e as gotas escorrendo no chão.
Pensou no que podia fazer de errado, no que podia fazer depois, no que podia fazer dar certo. Pensou na vida e deixou de pensar e dormiu.
Não sonhou.
Apenas acordou com o cachorro lambendo os seus dedos e levantou-se da rede. Tomou um banho e continuou a sua vidinha.
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