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sábado, setembro 10, 2011

Gripe-de-mudança-de-estação



Chega no fim de Agosto ou no começo de Setembro é sempre aquela mesma conversa: -Estou com gripe. A gripe que invade o meu corpo não é a mesma gripe que você tem. A sua é um vírus, que te deixa mal, de cama. Você fica com o nariz escorrendo, você fica com as pálpebras pesadas e dorme o dia inteiro. Toma remédios atrás de remédios à procura de algo para te curar, te fazer melhor.
Minha gripe é a gripe mental. Chega esse fim de ano, eu preciso descansar. Meu corpo não aguenta mais tanta falsidade, tanto desprezo, tanto menosprezo. O mundo que idealizo e o mundo que vejo realmente, nas ruas todos os dias, são diferentes. É uma diferença gritante, que me faz ficar gripado. Pego quatro dias, deito em minha cama, me cubro, me dopo. Os remédios não farão efeito algum em mim, a não ser me deixar grogue. É como se uma avalanche de emoções, pensamentos e lembranças me tomassem a cabeça e o corpo.
A tal da gripe-de-meia-estação nunca me atingiu realmente, é apenas uma ilusão criada pelo meu subconsciente. Uma ilusão que me afasta dos maus pensamentos, das más pessoas e das más atitudes. Uma ilusão da vida, uma segunda realidade, um outro mundo. Prefiro imaginar, por quatro tristes dias que estou feliz, do que me privar de uma felicidade por um ano inteiro.

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