A minha vida parece que foi escrita por um autor de romances policiais, que decidiu mudar de tema e quis partir pro drama. Nunca vi tanta confusão, nunca vi.
Olhei para ele, e para o seu copo vazio.
Peguei a garrafa pelo gargalo, ela ainda tinha um pouco de bebida e joguei contra a cabeça dele. O estrondo foi tanto que vi pedaços de vidro voando atrás do balcão, assustando quem estava por perto, mas o casal que estava além das mesas de bilhar não esboçou reação além de nos olhar e continuar a beber. Um segurança veio, vestido de urubu. Outro apareceu, careca, e esse perguntou se estava tudo bem. Disse que sim. Meu amigo na minha frente, com a cabeça sangrando um pouco e ainda tonto pelo baque disse que estava ok.
Nunca achei que ele diria isso, porém quis continuar a sua história. Pediu uma cerveja para ele e se ofereceu para comprar uma outra para mim, aceitei. Disse que era disso mesmo que estava falando, que eu havia compreendido-o completamente.
Me disse que a sua vida era assim, estava com uma mulher há três anos mês que vem, mas tinha achado a mulher de seus sonhos em uma padaria. A primeira ele morava junto e a segunda era apenas uma amante, quando ele finalmente largou a sua mulher, a amante disse que estava namorando com outro cara e que eles deveriam deixar de se ver. O outro cara, o da amante, era rico e nunca tomaria cerveja barata e um pouco quente em um bar como esses, vivia na elite e tomava champanhe.
Ele me disse que queria tomar champanhe. Mas não me disse que queria ver a mulher de novo.
Ele me disse que sempre que acha que esta certo, vem alguém e lhe da com uma garrafa na cabeça. Vem a vida e lhe da com a garrafa na cabeça.
Mas ele não desistiu. Não até hoje.
O pobre homem continua levando garrafas, porém não desiste. Sempre que lhe perguntam, diz que esta ok.
E realmente ele está ok
Com garrafas quebradas e a cabeça sangrando e está ok.
Me lembrou Bukowski, pelo insólito cotidiano.
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