Antigamente eu tinha um destino certo todas as manhãs, saia de casa com um objetivo em mente e não o tirava da cabeça. Naquela época, naquele tempo quente que fazia quando eu encontrava as pessoas e batia um papo sem pressa nenhuma. Não me preocupava com o tempo, não me preocupava com as roupas, não me preocupava com ninguém além de mim.
Lembro-me ainda, de árvores bem verdes e de troncos fortes que eu me encostava na tardes quentes, e via a vida passar calmamente, enquanto crianças brincavam no parque e cães corriam atrás de discos. As nuvens no céu pareciam mais brancas, o céu mais azul e o ar tinha aquele vento refrescante de calmas tardes abafadas de verão.
Não consigo esquecer de quantas vezes entrei na sorveteria e pedia todos os sabores, comia até não aguentar mais e era feliz assim. Sentia o gelado do sorvete, e o doce do açúcar me darem animo para brincar um dia inteiro, e descansar, e acordar e brincar de novo.
Triste tempo em que vivíamos com alegria, e agora ansiamos por ela sem pensar de novo. Triste tempo em que não soubemos aproveitar a calmaria que a vida nos dava, e agora a única coisa que queremos de volta é obter aquela calmaria. Correr é bom, você não para o seu corpo, não tem tempo para meias palavras e vai sempre se focar no objetivo principal, mas o problema, é quando o seu objetivo principal passa a se tornar a saudade da vida. E a vida que você leva, é a que sempre quis levar, mas que agora não a quer mais. Você se lembra de como era bom a única responsabilidade do seu dia, era simplesmente, ser você?